Conheci, pelos lugares que passei, duas pessoas muito distintas. E eu que sempre me achei imune a medíocridade de rotular, deixei-me julgar aquelas duas criaturas diante de mim. Senhorita X e Senhorita Y é como às chamo, porém, não enganem-se pela semelhança do nome, elas não poderiam ser mais diferentes. Classifiquei Srta X como uma imagem impregnada e me apeguei a fofurinha de Srta Y. Vejam vocês, nunca desgostei ou tampouco gostei de alguma delas.
Senhorita X sempre teve os cabelos lindos e esvoaçantes emoldurando o rosto bonito que contava com olhos claros. Magra e vestida de rosa, andava sempre com as unhas bem feitas. Tornara-se popular por ser bonita - pensava eu -. Atribui isso aos meus julgamentos e a coloquei quieta na caixinha de " lindo por fora oco por dentro " . Senhorita Y , por sua vez, era um tanto gordinha e quieta, ficava sempre distante de todos e abusava de um ofuscante batom vermelho. Eu achava uma gracinha sua aparente igenuidade e via nela um certo charminho.
Todas as alusões que fiz foram sem intimidade e, volto a enfatizar, até este momento não havia mantido contato com nenhuma.
Um belo dia de frio e sol descubro que Srta Y deu em uma turma, chamada também de família, uma cruel punhalada, colocando a todos em constrangedora situação. Sob pressão e afobação consegui resolver parte de um problema que causara grande repercursão. A minha ilusória e fofinha Srta Y havia se dissolvido, mostrando-me como o mundo é real, e eu, que não gostava nenhum pouco de errar, passei um dia frio impregnada por frieza. E foi neste mesmo dia frio que uma grande amiga segurou minha mão e disse-me para sorrir, que iriamos nos aquecer e conversar. E lá, entre as poucas pessoas que amo e confio estava Srta X , que descobrir ser umas das pessoas mais humildes e prestativas que conheço.
Mantenho até hoje, boa amizade com X, que teve logo seu circulo social diluido por não querer se adequar a pessoas que lhe julgam por seu cabelo. E Y jamais me dirigiu a palavra, apesar de eu ter conhecimento que fui alvo de algumas fofoquinhas poe longos meses.
Aprendi, então e finalmente, o quão vingativa são as pessoas, inclusive eu, quem diria? E que não adianta olhar a casca, por isso, passei a julgar só a mim, e as vezes me reprendo mesmo assim.
Apesar de eu saber que julgar, rotular ou que nome tenha não é mais assunto atual, pare pra pensar e olhe-se no espelho, quantas pessoas no metrô você julga, no transito ou nas lojas, no super mercado. A moça do saltão elegante e perua poder ser a mesma que dá sopa aos pobres no sábado, a que foi de pantufas e moletom pode ter um conhecimento inumeras vezes maior que o seu, assim como a moça elegante pode ser uma completa ignorante. O que isso me diz respeito ? Nada.
Com licença, vou calçar minhas pantufas e comprar o pão frânces.
6.17.2010
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